SÍLVIA FREIRE
da Agência Folha
da Agência Folha
Dois carros apreendidos pela Polícia Federal com deputados estaduais de Alagoas na Operação Taturana, desencadeada em 6 de dezembro, tinham placas frias. A PF vai abrir inquérito para apurar o caso.
Laudo pericial feito pela PF nos veículos verificou que a placa do jipe Troller apreendido com o deputado Cícero Amélio (PMN), primeiro-secretário da Mesa Diretora, não confere com a do documento do veículo: na placa, as letras são MVJ, no documento, MUJ.
A perícia verificou também que a placa do Sportage --utilitário esportivo da Kia Motors-- apreendido com o deputado Nelito Gomes de Barros (PMN) pertence a um Gol.
Os dois deputados já estão sob investigação da PF por suspeita de participação em esquema que teria desviado R$ 200 milhões do Legislativo do Estado. Outros oito deputados também estão sendo investigados, além de ex-parlamentares e servidores da Casa.
Ontem, Amélio usou a tribuna da Assembléia Legislativa para se defender. Disse que o jipe apreendido pela PF em sua casa pertence ao vereador de Maceió Berg Hollanda (PR) --irmão do deputado estadual Antonio Hollanda Júnior (PT do B), também indiciado pela PF--, e que houve erro do despachante ao emplacar o veículo. A reportagem não conseguiu localizar o deputado nem o vereador ontem.
Um primo e ex-assessor do deputado Barros disse à Folha que o Sportage apreendido fora emprestado ao político pela Pulsan Motors, concessionária da Kia Motors em Maceió, para um test-drive. A reportagem não conseguiu localizar o deputado ontem. Pela manhã, ele prestou depoimento à PF.
Na Pulsan Motors, a reportagem foi informada que apenas o dono poderia falar sobre o assunto, mas que ele não estava.
Entre os investigados na Operação Taturana está também o ex-diretor do Detran (Departamento de Trânsito) e coronel da PM José Acírio do Nascimento, que foi exonerado do cargo após sua prisão. No último dia 13, ele foi nomeado pelo governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) para a assessoria militar da Assembléia Legislativa
Nelito de Barros é filho do ex-governador de Alagoas Manoel Gomes de Barros Filho, que chegou a ser detido na operação por porte ilegal de armas.
Cícero Amélio está no quinto mandato como deputado estadual e foi escolhido em setembro pela Assembléia Legislativa para ocupar a vaga de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado. A indicação dele, no entanto, foi suspensa pela Justiça a pedido da seccional da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Alagoas. Segundo a OAB, a vaga deveria ser ocupada por um servidor de carreira do tribunal.
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