Brasília - O ministro do Esporte, Orlando Silva, é apontado como
principal beneficiário de um suposto esquema de desvio de dinheiro
público por meio de convênios de sua pasta com Organizações Não
Governamentais (ONGs) pelo policial militar João Dias Ferreira,
investigado como um dos integrantes do grupo.
O jornal O Estado de S.Paulo
revelou, em uma série de reportagens publicadas em fevereiro deste ano,
que o principal programa do ministério, o Segundo Tempo, se transformou
em um instrumento financeiro do PCdoB, partido de Orlando Silva. Sem
licitação, o ministro entregou o programa a entidades ligadas ao
partido, cujos contratos com essas ONGs somaram R$ 30 milhões só em
2010.
Em entrevista à revista Veja, o policial militar e
ex-militante do PCdoB confirma o favorecimento do partido nos contratos e
afirma que o ministro recebeu pessoalmente remessas de dinheiro do
esquema. A entrega, segundo a reportagem, foi feita dentro da garagem do
Ministério do Esporte por Célio Soares Pereira, que servia de motorista
e mensageiro do grupo. À revista, Pereira afirmou que esteve pelo menos
quatro vezes entregando dinheiro na garagem do ministério, além da
ocasião em que repassou diretamente ao ministro "maços de notas de R$ 50
e R$ 100" em uma caixa de papelão.
Pereira afirma que recolheu o
dinheiro com representantes de entidades no Distrito Federal que
recebiam verba do programa Segundo Tempo. Ele disse ainda que fazia as
cobranças nas ONGs quase todo mês. Dentro do esquema, segundo revelou o
policial João Dias Ferreira na entrevista, cabia ao PCdoB indicar os
fornecedores e as pessoas encarregadas de arrumar notas fiscais frias
para justificar as despesas fictícias. As ONGs tinham de dar até 20% no
ato de cada liberação dos recursos.
O esquema, segundo a
reportagem, funciona desde a gestão de Agnelo Queiroz, ministro do
Esporte (de janeiro de 2003 a março de 2006) e atual governador do
Distrito Federal. O ex-militante comunista afirma que o ministro chegou a
usar parte do dinheiro desviado do ministério para pagar uma gráfica
que fez adesivos para a campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
em 2006.
O ministro deve ir à Câmara dos Deputados esta semana
para prestar esclarecimentos sobre as denúncias nas comissões de
Fiscalização e Controle e de Desportos e Turismo. "Pessoas inidôneas não
possuem condições morais para fazer acusações levianas e indignas. A
resposta será a transparência e a vinda a público para oferecer a
verdade à opinião publica", afirmou o líder do PC do B, deputado Osmar
Júnior (PI).
Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/ex-pcdob-acusa-ministro-do-esporte-de-desvio-de-verba
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sábado, 15 de outubro de 2011
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