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quarta-feira, 21 de julho de 2010

Grupo formado por apoiadores de Joaquim Roriz será investigado pelo Ministério Público Eleitoral.

Envolvimento da Força Azul, grupo formado por apoiadores de Joaquim Roriz, na falsificação de urnas eletrônicas será investigado pelo Ministério Público Eleitoral. Suspeita foi levantada após apreensão de equipamentos em São Sebastião
O TSE iniciou a inspeção dos programas de informática que serão usadas nas urnas eletrônicas: apenas cinco partidos mandaram representantes
O envolvimento de candidatos na fabricação e distribuição de urnas eletrônicas falsas, usadas para ensinar os eleitores a votar, será investigado pelo Ministério Público Eleitoral. A principal pista que aponta essa ligação é o depoimento de uma das pessoas detidas durante a apreensão de urnas falsificadas em São Sebastião, na semana passada. Ela disse ser integrante da Força Azul — grupo criado há pouco mais de um ano por apoiadores do governador Joaquim Roriz (PMDB). 


Os integrantes da Força Azul são peças importantes na estratégia de reeleição do governador. A missão deles é bater de porta em porta, divulgar as qualidades de Roriz e convencer o eleitor a se inscrever no grupo. Na ficha de inscrição é necessário colocar o número do título de eleitor e identificar a seção onde vota. Agora, a Força é suspeita de participar do esquema de urnas falsas e de ensinar o eleitor a votar nos candidatos do governo.

O procurador eleitoral Antônio Carneiro espera a conclusão do inquérito da Polícia Federal, que investiga o caso, para apresentar representação contra os políticos que tiverem indícios de envolvimento. Carneiro enviou, ontem, à Superintendência da PF um ofício pedindo dedicação exclusiva do delegado Giácomo Santoro ao inquérito.

"Estou à espera de elementos para tomar as providências. Estou correndo atrás deles no inquérito aberto pela PF", disse o procurador. Se as investigações apontarem o nome do responsável pela compra e uso das urnas, ele pode responder a processo por abuso de poder econômico. A pena para o candidato é a inelegibilidade.

Para a PF já foi enviado o depoimento de André Luiz Silva de Moura, apontado como o dono de duas urnas apreendidas em São Sebastião na última quinta-feira. Ele disse ser da Força Azul.

No comitê central de Roriz, no SIA, há representantes da Força Azul que atendem o telefone para prestar informações. O próprio presidente regional do PMDB, Divino Alves, aponta o comitê como local para obter mais detalhes sobre o grupo. Mas ele faz questão de desvincular a Força do partido. ‘‘É um grupo específico de apoiadores do governador. Entre eles, pode até haver um peemedebista. Mas essa é uma força que atua de forma independente.’’

Um dos organizadores do grupo, que fundou até uma ONG pró-Roriz, é o ex-presidente do Instituto Candango de Solidariedade (ICS) Wiliam Cavalcante — nomeado diretamente por Roriz. Ele foi procurado ontem pelo Correio e não foi localizado.
Apreensão
A suspeita de ligação da Força Azul com as urnas clandestinas foi levantada depois que os agentes da 30ª DP encontraram as máquinas falsas na casa do desempregado José Edmilson Lopes de Oliveira, 33 anos, na quadra 203 de São Sebastião. Em depoimento, José Edmilson disse que André Luiz esteve na casa dele, e se ofereceu para ensinar à sua família como votar na urna eletrônica.

Na ‘‘aulinha’’, o que se ensinava era votar em Roriz para governador, Paulo Octávio (PFL) e Jofran Frejat (PPB) para o Senado, em José Roberto Arruda (PFL) para deputado federal e em Durvalino da Silva (PPB) para distrital. Para presidente, o voto era para José Serra (PMDB).

André Luiz Silva de Moura foi identificado como um jornalista de 42 anos. Ele afirmou aos policiais da 30ªDP que faz parte da Força Azul e tentou justificar a ilegalidade: ‘‘A Justiça Eleitoral falha na hora de ensinar os eleitores a votar. De cada dez pessoas, quatro erram.’’ Segundo o delegado Nivaldo Oliveira da Silva, André negou ser vinculado a partidos.

O porta-voz de Roriz na campanha, Weligton Moraes, disse que o governador não pode ser responsabilizado por atos de grupos independentes que o apóiam. ‘‘Não há orientação alguma da coordenação de campanha para atos ilegais como esse. Esses movimentos como Força Azul são voluntários e independentes. O governador quer que se apure e que sejam responsabilizados os culpados, mesmo que sejam seus apoiadores.’’

Entenda o caso

O uso de urnas eletrônicas para ensinar eleitores a votar é proibido desde as eleições de 2000. Por entender que a utilização desses simuladores de votos, por parte dos candidatos, configura-se abuso de poder econômico, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinou que apenas a Justiça Eleitoral pode ensinar como usar a urna eletrônica.

Este ano, porém, as urnas falsas se proliferaram no Distrito Federal. A primeira denúncia surgiu no dia 8 de agosto, quando o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) foi notificado da existência de uma falsa urna instalada no supermercado Tatico, em Ceilândia. Imagens divulgadas por uma emissora de TV confirmaram a denúncia, mas quando os fiscais chegaram ao local, o material havia desaparecido. De acordo com a reportagem, o equipamento só permitia o voto no governador Joaquim Roriz (PMDB).

No dia 29 de agosto, o TRE conseguiu apreender as duas primeiras urnas falsas em funcionamento. Elas estavam instaladas em Brazlândia, em poder de pessoas ligadas ao deputado distrital Edimar Pireneus (PMDB), candidato à reeleição. A grande maioria dos votos simulados era para Edimar Pireneus, Tadeu Filippelli (PMDB), Paulo Octávio (PFL), Jofran Frejat (PPB), o governador Joaquim Roriz (PMDB) e José Serra (PSDB). Todos os candidatos fazem parte ou são apoiados pela Frente Brasília Cidadã, coligação de Roriz.

Uma denúncia anônima resultou na apreensão de mais uma falsa urna no dia 4 de setembro. Dois PMs encontraram o equipamento numa casa em Sobradinho II. Junto com ela, os policiais acharam santinhos de Joaquim Roriz. Duas pessoas foram presas em flagrante.

No dia 5 de setembro, a Polícia Federal apreendeu duas urnas falsas que estavam sendo usadas em São Sebastião. Os votos registrados no equipamento eram destinados à coligação do governador Roriz. No mesmo dia, a Polícia Federal apreendeu peças de informática que seriam usadas na montagem de cerca de 80 urnas eletrônicas falsas. O material foi encontrado cinco dias antes, no Lixão da Estrutural, por fiscais do Parque Nacional de Brasília.

Para identificar se a simulação de um voto é legal ou não, basta observar quais os candidatos que aparecem nas urnas. Na simulação feita pelos TREs eles são fictícios — personalidades que já morreram como Cazuza, Clara Nunes e Elis Regina.
Laudo sairá em dez dias
Sergio Amaral 05.09.02
Carcaças de urna estavam no Parque Nacional


Dentro de 10 dias, o Serviço de Criminalística da Polícia Federal (PF) em Brasília divulgará o resultado da perícia nas urnas falsas apreendidas semana passada. Os peritos começaram a analisar as máquinas na sexta-feira passada. O laudo, assim que estiver pronto, será anexado ao inquérito, e remetido à Justiça Eleitoral.

Os técnicos da PF analisam três urnas falsas inteiras — duas encontradas em São Sebastião e outra em Sobradinho II — e as carcaças com material de informática achadas por fiscais do Ibama no Parque Nacional de Brasília. As duas urnas apreendidas em Brazlândia, há dez dias, estão no depósito do Tribunal Regional Eleitoral. Elas serão enviadas para a Polícia Federal até sexta-feira.

Técnicos em informática do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estiveram ontem na Polícia Federal. Eles pediram agilidade na investigação ao delegado Giácomo Santoro, da Delegacia de Ordem Polícia e Social, responsável pelo caso. ‘‘Vamos ver até se há digitais nas placas das urnas’’, explicou.

Ontem também foi o primeiro dia de inspeção dos programas de informática que serão usados nas urnas eletrônicas das próximas eleições. Apenas cinco dos 30 partidos políticos brasileiros mandaram representantes ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para participar da inspeção: o PSDB, PDT, PT, PFL e PSC. Após o fim do trabalho, marcado para a sexta-feira, o TSE vai lacrar os sistemas que serão inseridos em 406 mil urnas eletrônicas.
Polícia Federal vai intimar delegado

O delegado-chefe da 3ª DP (Cruzeiro), Luiz Andriano Guerra, será intimado a prestar esclarecimentos à Polícia Federal (PF) até sexta-feira. A Delegacia de Ordem Política e Social (Delops) investiga o uso de equipamentos eletrônicos na fabricação de urnas falsas.Segundo fiscais ambientais do Parque Nacional de Brasília, Luiz Andriano teria se recusado a apreender na segunda-feira da semana passada carcaças de equipamentos que poderiam ser usados na fabricação das urnas clandestinas. O material estava jogado em uma área próxima ao Parque e foi apreendido quatro dias depois por policiais da Delops.

Andriano voltou ao trabalho ontem, após uma semana de folga. Por meio da assessoria de imprensa da Polícia Civil, ele confirmou que se recusou a apreender os equipamentos porque entendeu que tudo não passava de ‘‘sucata’’. Andriano diz ter orientado os fiscais ambientais a jogar as carcaças fora ou a levá-las à Polícia Federal.

O delegado se reuniu ontem com o corregedor da Polícia Civil, Arnaldo Siqueira, e comprometeu-se a escrever um relatório sobre o episódio e entregar cópias à Corregedoria Geral e ao diretor da instituição, Laerte Bessa. Andriano também enviou à PF 38 tarjetas com a inscrição ‘‘simuladores de urna eletrônica’’. Só o material foi recolhido pela 3ª DP, apesar de ter sido encontrado pelos fiscais na mesma área onde estavam as carcaças.

A Polícia Civil ainda não instaurou apuração administrativa. O argumento é de que as irregularidades contra policiais civis só podem ser apuradas se o denunciante fizer a denúncia por escrito. Ou seja, se for provocada pela PF. O delegado-chefe da Delops, Giácomo Francisco Santoro, afirma que não vai pedir investigação administrativa. Além de Luiz Andriano, serão intimados a depor quatro fiscais. (Sheila Messerschmidt e Dante Accioly)

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Você concorda com a absolvição da Deputada Federal Jaqueline Roriz - PMN/DF, (que foi flagrada recebendo propina em 2006)

Você concorda com o Projeto de Lei 531/2011, de autoria do deputado Cristiano Araújo - PTB-DF, que propõe horários determinados para manifestações na Esplanada dos Ministérios?

Como você conheceu o @movFichaLimpa?

Qual critério tem mais peso ao escolher o candidato de sua preferência?

Mais uma polêmica envolvendo ministros. Estamos passando por uma onda de denuncismos, ou limpeza?

Você concorda com a reforma ministerial, e diminuição da quantidade de ministérios? Atualmente são 39 no total. EUA, Reino Unido, Rússia e México têm em média 20 ministérios.