Mais
uma bomba contra o ex-governador Joaquim Roriz, que tenta voltar ao
Palácio do Buriti pelo PSC. Ele "comprou" integrantes do Ministério
Público, para que o deixassem em liberdade. A denúncia é do também
ex-governador José Roberto Arruda, em entrevista ao repórter Andrei
Meirelles, da revista Época. A reportagem está na edição desta semana.
Arruda revelou passagens do seu depoimento aos promotores e à Polícia
Federal. E não deixou por menos. A promotora de Justiça Deborah Guerner,
por exemplo, recebeu três parcelas de R$ 800 mil para "segurar" e,
depois, "enterrar" investigações contra Roriz.
Aos investigadores, Arruda contou que o ex-governador Joaquim Roriz
teria pagado propina para não ser denunciado à Justiça. Em 2007, Roriz
foi flagrado em conversas telefônicas em que acertava o recebimento de
dinheiro suspeito. As conversas foram grampeadas com autorização
judicial em meio à Operação Aquarela, em que a Polícia Civil de
Brasília investigou denúncias de fraudes em operações do Banco de
Brasília (BRB). Em seguida à divulgação do grampo Roriz renunciou ao
mandato de senador. Apesar de todas as evidências, o Ministério Público
do Distrito Federal só ajuizou uma ação por improbidade administrativa
contra Roriz em abril deste ano, três anos depois da renúncia.Uma
possível razão para essa demora pode estar no depoimento de Arruda.
Segundo Arruda, em julho do ano passado Deborah lhe relatou ter
recebido de Roriz três parcelas no valor de R$ 800 mil cada uma como
pagamento para o Ministério Público não ajuizar ação contra o
ex-governador. Roriz nega: “Isso não é verdade. Não paguei propina e
sequer fui formalmente investigado”.
Muitos documentos reforçam a versão de Arruda. Um deles foi um
depoimento prestado ao Ministério Público Federal por Durval Barbosa –
operador de esquemas de corrupção nos governos Roriz e Arruda e delator
do escândalo desencadeado pela divulgação dos vídeos em que os
políticos de Brasília recebem dinheiro supostamente ilegal. No
depoimento, Durval afirmou que foi procurado por Deborah Guerner e por
seu marido, Jorge Guerner, para ajudá-los a receber R$ 800 mil de
Joaquim Roriz. Seria mais uma parcela de um total de R$ 4 milhões que
teria sido acertado para que Roriz não fosse processado por causa da
Operação Aquarela.
O MPF investiga também uma denúncia feita por Durval Barbosa em que
ele diz que Arruda pagou R$ 150 mil por mês a Deborah Guerner e ao
ex-procurador-geral de Justiça Leonardo Bandarra para favorecer empresas
contratadas pelo governo de Brasília para a coleta de lixo. Em seu
depoimento aos procuradores da República, Arruda afirmou também que foi
chantageado por Deborah para favorecer uma empresa excluída de um
contrato de coleta de lixo. Deborah teria exigido que essa empresa fosse
contratada para a prestação de outros serviços para o governo do
Distrito Federal. Diz Arruda no depoimento: “Que Deborah Guerner subiu o
tom das ameaças, afirmando: ‘Então o senhor vai ver suas imagens na
televisão e nenhuma explicação sua será capaz de amenizar o impacto’”.
Deborah Guerner confirmou que esteve com Arruda na residência oficial do
governador do Distrito Federal. “Estive lá, sim. Mas não vou falar
sobre o que conversamos.” A promotora se negou também a comentar a
denúncia de que teria chantageado Arruda e recebido propina de Roriz.
O encontro entre Arruda e Deborah, segundo a revista, teria ocorrido
no dia 10 de julho do ano passado. Os preparativos para a reunião foram
gravados em vídeo por Deborah. Ela gravou também um telefonema para o
então vice-governador, Paulo Octávio Pereira, em que pediu ajuda para
marcar a reunião com Arruda. Deborah registrou também uma conversa com
Leonardo Bandarra, em que pediu orientação sobre como deveria se
comportar com Arruda. Bandarra teria aconselhado a promotora a simular
um ataque de nervos caso o governador se negasse a atender à exigência.
Ela, aparentemente, teria seguido a recomendação. “No encontro,
Deborah Guerner transitou entre irritação e destempero”, descreveu
Arruda em seu depoimento aos procuradores. Bandarra nega que sabia da
reunião entre Arruda e Deborah Guerner. Também desmente interferência
nas investigações da Operação Aquarela.
As gravações feitas por Deborah foram registradas por um sistema
interno de câmeras com sensores infravermelhos, instalados em três
ambientes em sua casa, capazes de registrar até imagens no escuro. São
milhares de horas de gravação que foram apreendidos pela Polícia
Federal. Antes Deborah havia dito que sua casa era um verdadeiro big
brother. Na semana passada, ela foi irônica ao comentar o fato. “Com
tudo isso, é um serviço e tanto que tenho prestado à Justiça”, disse.
Em seu depoimento, Arruda afirmou também que relatou as ameaças de
Deborah ao diretor-geral da Polícia Federal, delegado Luiz Fernando
Corrêa, num encontro em que teria denunciado uma parceria entre a
promotora e o delator Durval Barbosa. No encontro, segundo Arruda,
Corrêa teria lhe prometido acompanhar o caso e também lhe dado um
conselho para não demitir Durval. “Esse encontro simplesmente não
aconteceu. Nunca falei com o governador sobre esse assunto”, disse
Corrêa.
O depoimento de Arruda é importante porque adiciona à investigação
sobre o esquema de corrupção em Brasília as informações de quem
comandava toda a máquina administrativa do Distrito Federal, inclusive a
Polícia Civil, diz Época.
Fonte: http://www.notibras.com.br/novo/index.php?id=83625
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