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quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Às portas do Planalto

Depois de resistir mais de um mês, o relator da CPI dos Sanguessugas, senador Amir Lando (PMDB-RO), decidiu estender a investigação ao Executivo. Anunciou ontem a criação de uma sub-relatoria específica para apurar as conexões da quadrilha nos ministérios da Saúde, Educação, Comunicações e Ciência e Tecnologia. O trabalho será entregue a uma junta de três parlamentares, sendo um da oposição, um do governo e um do PMDB - os nomes sugeridos são os do deputado Júlio Redecker (PSDB-RS), do senador Flávio Arns (PT-PR) e do deputado Gastão Vieira (PMDB-MA).

Tal como foi posta, a decisão de Lando deflagrou de imediato uma guerra. O líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS), ao tomar conhecimento dela, chamou a CPI de "palco midiático" e acusou os membros de não produzirem provas do esquema, apenas de tirarem proveito dos holofotes. Em resposta, o vice-presidente da comissão, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), lembrou que Fontana chamara a idéia de criação da CPI de factóide e apostara que não sairia do papel. "Não acredito que o líder do PT seja exatamente a melhor pessoa para dar palpite", afirmou.
DISPOSIÇÃO De Pernambuco, o ex-ministro da Saúde Humberto Costa, candidato do PT ao governo do estado, avisou estar "totalmente à disposição" para depor "em qualquer instância". Mas deu um sinal eloqüente de qual será a posição dos aliados do governo Lula: "Está bem claro que tudo começou no governo Fernando Henrique, então vamos chamar também o José Serra, o Barjas Negri…"
Outro ex-ministro da Saúde do governo Lula, deputado Saraiva Felipe (PMDB-MG) foi ao Senado tentar negociar uma forma de manter-se sob investigação apenas como parlamentar, visto que seu nome é um dos 90 suspeitos de associação com a máfia das ambulâncias. Não conseguiu. Será um caso único, investigado tanto como deputado quanto como ministro. "Minha consciência está tranqüila. Já expliquei o caso da minha assessora (Maria da Penha Lino, um dos contatos da quadrilha dentro do Ministério da Saúde). Ela foi indicada pelo líder do meu partido, o deputado Wilson Santiago (PMDB-PB)", esquivou-se.
FRAUDES Até agora, a CPI sabe que o esquema dos sanguessugas começou em 1999, a partir de um encontro casual de Darci Vedoin, dono da Planam, com o deputado Lino Rossi (PP-MT). O parlamentar apresentou o empresário aos colegas Renildo Leal (PMDB-PB, não reeleito) e Nilton Capixaba (PTB-RO). E, de deputado em deputado, a quadrilha foi tecendo sua teia de fraudes até chegar ao tamanho com que foi descoberta, em 2004. Ao depor à comissão, em 13 de julho, Darci contou alguns detalhes dessa história. Lembrou de uma cerimônia no Pantanal, feita para a entrega de 56 ambulâncias, compradas com dinheiro do Ministério da Saúde, orçado numa emenda da bancada do Mato Grosso. Na ocasião, estavam presentes o então ministro, José Serra e o governador tucano Dante de Oliveira. Indagado por Lando sobre a participação de alguém do ministério já nessa época, o empresário descarta: "Não". Em seguida, ele confirma que os deputados já estavam cobrando propina pelas emendas.
Ao longo do depoimento, porém, Darci sugere tráfico de influência e corrupção no Ministério da Saúde, no início do governo Lula, quando o ministro era o petista Humberto Costa (leia ao lado). Na passagem de um governo para o outro, os sanguessugas tinham entregue aproximadamente 120 ambulâncias, mas Costa se negava a pagar por elas. Darci pediu ajuda ao ex-vice-governador do DF Benedito Domingos (PP) e conseguiu chegar até ele. Não conseguiu liberar o dinheiro. Benedito nega conhecer o empresário.
Depois diz ter sido procurado por dois emissários do também petista José Airton Cirillo, que exigiam o pagamento de 8% do valor pretendido para que a bolada fosse paga. Acabaram fechando o negócio por 5% do valor. Quando perguntado sobre o papel de José Airton no caso, Vedoin respondeu: "A amizade dele com o Humberto Costa".
Sobre o caso, o ex-ministro admite ter-se encontrado diversas vezes com José Airton quando estava no cargo. "Foram contatos de caráter político-partidário", falou. "Nunca dei intimidade para ele, nem autorizei a falar por mim ou pelo ministério", jurou.

Fonte: http://www.deunojornal.org.br

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Você concorda com a absolvição da Deputada Federal Jaqueline Roriz - PMN/DF, (que foi flagrada recebendo propina em 2006)

Você concorda com o Projeto de Lei 531/2011, de autoria do deputado Cristiano Araújo - PTB-DF, que propõe horários determinados para manifestações na Esplanada dos Ministérios?

Como você conheceu o @movFichaLimpa?

Qual critério tem mais peso ao escolher o candidato de sua preferência?

Mais uma polêmica envolvendo ministros. Estamos passando por uma onda de denuncismos, ou limpeza?

Você concorda com a reforma ministerial, e diminuição da quantidade de ministérios? Atualmente são 39 no total. EUA, Reino Unido, Rússia e México têm em média 20 ministérios.